Daphnis et Chloé de Maurice Ravel foi encomendada por Diaghilev para os seus Ballets Russes em 1909, sendo estreada apenas três anos mais tarde no Théâtre du Châtelet, tendo Nijinska e Karsavina nos papéis principais. O carácter meticuloso do compositor chocou várias vezes com as concepções coreográficas de Fokine com quem trabalhou desde início, daí a demora em concluir este bailado de um só acto, dividido em três partes, que requer uma grande orquestra e um coro. A estreia a 8 de Junho de 1912 não obteve grande sucesso. Em parte devido à falta de ensaios, mas também pela estreia, dez dias antes, de L’áprès-mídi d’un Faune de Debussy com a sua chocante coreografia.
A primeira cena passa-se no bosque sagrado dedicado ao Deus Pan. Daphnis e Chloé entram no bosque onde distribuem oferendas pelas ninfas. No meio da dança, Daphnis é cercado por raparigas e Chloé por rapazes, sendo assediada por Dorcon que a tenta beijar, mas Daphnis, furioso, entra em disputa, acordando que quem dançar melhor merecerá um beijo de Chloé. A dança de Dorcon é bastante primitiva, ao contrário da de Daphnis que é repleta de movimentos graciosos. A vitória de Daphnis é unânime, deixando-o em êxtase. Entra, então, em cena Lycerion que o tenta atrair através da sua dança. Entretanto, sons de combate são ouvidos ao longe e entra um bando de piratas que perseguem as donzelas, acabando por raptar Chloé. Daphnis, sem poder salvar a sua amada, cai inanimado e as ninfas, na impossibilidade de o reanimar, chamam Pan.
Surge o segundo cenário. O esconderijo dos piratas. Daphnis que é levada ao encontro do chefe dos piratas é obrigada a dançar. O cenário enche-se de luzes e surgem em cena os Sátiros que cercam os piratas. É então que aparece o Deus Pan que consegue que os piratas fujam.
O bailado termina com o primeiro cenário, aparecendo Daphnis e Chloé juntos de novo, comemorando com uma cena mímica onde são evocados Pan e Syrinx. A cena termina com um grande bailado onde todos se juntam.
Maurice Ravel foi buscar a sua inspiração para esta história ao romance de Longus, um escritor grego, provavelmente proveniente da ilha de Lesbos. Devido ao nível de sofisticação da escrita deste autor e à sua talentosa capacidade de misturar a típica novela romântica grega e a poesia pastoral, muitos estudiosos posicionam-no no segundo período sofístico (século segundo d.C.).
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