Depois de completar três anos de existência, mais uma vez o Misurato muda de aparência...

Mas, para variar, o objectivo principal deste Blog continua a ser o mesmo: divulgar a actividade musical em Portugal... Concertos, Festivais, Congressos, Conferências, Concursos, Novidades, Publicações...

Mas como não é fácil estar sempre em cima do acontecimento e às vezes o tempo acaba por escassear, qualquer sugestão dos leitores é uma mais valia para este Blog.

Deixem os vossos comentários e sugestões!

A todos os que são habituais seguidores e àqueles que visitam o Misurato pela primeira vez, Muito Obrigada pela Visita!!!!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Música em Contexto - Série de Colóquios


Série de Colóquios organizada pelo Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical - CESEM e pelo Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança - INET-MD.

Sala Multiusos 3, Piso 4, do Edifício ID (FCSH-UNL), pelas 18 horas.



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Gosto pela música - Conferência

Nos próximos dias 19 e 20 de Outubro, na FCSH-UNL, realizar-se-á uma Conferência que marca os 90 anos do nascimento de João de Freitas Branco. 


O programa definitivo já foi divulgado aos conferencistas mas ainda não se encontra disponível no website do CESEM.
Para mais informações, consulte o website do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical





«O Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa), organiza o Colóquio Internacional 'O Gosto pela Música', homenagem a João de Freitas Branco, no 90º aniversário do seu nascimento, nos dias 19 e 20 de Outubro de 2012, na Universidade Nova de Lisboa.
O presente colóquio pretende incidir nas diversas áreas em que João de Freitas Branco (Lisboa, 10 de Janeiro de 1922 – Caxias, 17 de Novembro de 1989) desenvolveu a sua actividade, abordando aspectos da sua acção na cultura e na sociedade portuguesas, bem como aspectos do desempenho de outros intelectuais, musicólogos e artistas que com ele se relacionaram, e sobre as próprios círculos de sociabilidade, instituições e lugares de cruzamento e circulação de ideias, e de promoção, debate e divulgação musical e cultural.
Pretende-se ainda promover um debate mais amplo sobre filosofia e sociologia do gosto, formação do gosto a valoração estética e a criação de modos de fruição artística, na imprensa, nos mass media e nas novas redes de sociabilidade digitais, crítica musical, divulgação e programação musicais, estatuto do “amador de música”, a questão de formação dos cânones e as relações centro-periferia.»

Comissão Científica: 
Mário Vieira de Carvalho; Paula Gomes Ribeiro; Pedro Nunes; Paulo Ferreira de Castro; Luísa Cymbron.
Comissão Organizadora: 
Helena Braga; Jaime Reis; João Romão; Luís Santos; Rui Pinto; Zuelma Duarte.
Comissão Consultiva:
Salwa Castelo-Branco; Manuel Pedro Ferreira; João Maria de Freitas Branco; Rui Vieira Nery; Diósnio Machado Neto; João Soeiro; Manuela Toscano.
Secretariado (CESEM): 
Beatriz Serrão

PS: Se quiserem saber alguma coisa acerca da importância do público no programa Zip-Zip, apareçam no Sábado, dia 20 para me poderem ouvir!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

FMM - Sines

Na "ressaca" da 14.ª edição do Festival de Músicas do Mundo de Sines até seria de estranhar que eu não publicasse nenhum comentário no meu semi adormecido blog.

Sem querer entrar nas habituais discussões acerca da dita world music, tão recorrentes no meio académico da etnomusicologia e que muita tinta ainda farão correr nos próximos tempos, a verdade é que, ao ver alguns dos concertos não consigo deixar de vir para casa e pensar neste tão estranho conceito... Claro que o ambiente de festa que se vive num concerto ao vivo, verdadeiramente animado como este, com o castelo, a praia e a maresia a criarem um cenário perfeito, fez-me esquecer, por momentos, estas dúvidas e questões que se levantam sobre o que será então a world music. Careceria de alguma investigação e indagação para eu pudesse exprimir aqui em público uma série de ideias acerca desta questão que têm vindo a surgir nestes últimos dias... A verdade é que as várias horas a ouvir guitarras eléctricas a tocar e retocar melodias de "inspiração tradicional" deixaram-me curiosa e com vontade de fazer algumas pesquisas...


Bem, no geral gostei muito do festival: assisti a quase todos os concertos e na generalidade todos tiveram pontos muito positivos; gostei do ambiente animado mas pacífico e sem confusões, apesar da presença exagerada e quase ameaçadora das forças de segurança; os locais dos concertos são fantásticos, apesar da mudança para o pontal, e as condições logísticas bastante satisfatórias para um evento deste tipo. 

Na minha opinião, a repensar: o horário dos concertos do segundo fim-de-semana (18h45, 20h e 21h45). Para aqueles que, como eu, querem assistir a todos os concertos e não podem jantar fora todos os dias, complicaram um pouco a vida; e o som dos concertos que no primeiro fim de semana foi demasiado alto, criou por vezes ruídos incómodos e prejudicou a recepção de algumas actuações.

Das actuações a destacar:
- No primeiro dia, sem dúvida, Narasirato, das Ilhas Salomão. Lá está, sem me questionar da "verdade" da sua música de "inspiração tribal" ou qual a influência da indústria musical neste grupo, foi um concerto onde a alegria dos músicos foi contagiante para o público , um concerto um vi os músicos com verdadeiro prazer de tocar e mostrar a sua música (uma coisa que, nos últimos tempos e infelizmente, não tenho visto muito...).


- No terceiro dia: Oumou Sangaré & Béla Fleck (Mali e EUA). Os dois músicos proporcionaram um concerto fantástico e de muito boa qualidade.

- Ainda no terceiro dia destaco a presença da Imperial Tiger Orchestra & Hamelmal Abate (Suíça e Etiópia). Uma voz excepcional e muito bons músicos em palco.







Neste primeiro fim-de-semana do festival a minha desilusão foi: Otis Taylor Band com duas violinistas que muitas vezes me deixaram confusa com a sua própria confusão; L'enface rouge & Lorfi Bouchnak que por vezes pareciam aborrecidos com aquilo que estavam a tocar e contagiaram alguns espectadores; Clorofila + Los mezcalieros de la sierra com os seus clichés mexicanos, mais que batidos misturados com uma música electrónica muito básica; por fim e ainda neste primeiro fim-de-semana, Shangaan Electro que até percebi o conceito dos bailarinos a abanarem-se eficazmente a ritmo das 189 batidas por minuto, mas pouco mais nos deram que uma hora e tal de música repetida.


Bem, quanto ao segundo fim-de-semana, destaco:
- No dia 26, Fatoumata Diawara (Mali). Fantástica! Um concerto bem concebido, com uma construção performativa eficaz que não deixou o público indiferente. Mais uma vez, alguém que gostava daquilo que estava a tocar e conseguiu transmiti-lo ao público.




- No mesmo dia, os energéticos e contagiantes Staff Benda Bilili (Congo). Muito bom! Mais uma vez, possivelmente mais do que a qualidade musical, foi a energia e a presença em palco que contagiaram. Estes "substitutos" que já haviam estado presentes do FMM apresentaram um concerto que resultou especialmente bem nesta noite de Quinta-feira. O público correspondeu muito bem a esta energia!


- Também gostei do grupo argentino Astellero, mas por vezes parecia que estávamos à espera que entrasse em palco o Astor Piazzola. Músicos muito bons, mas um concerto mal escolhido para início de noite. Gostei também de Dubika Kolektiv e tive muita pena da troca de horário que os fez actuar demasiado cedo. As actuações de Mark Ribot tanto com os portugueses Dead Combo como com Los Cubanos Postizos foi muito boa! No último dia gostei ainda de Tony Allen felizmente abrilhantado por dois saxofonistas portugueses professores na Escola de Artes de Sines. Os portugueses Couple Coffee e Orquestra Todos surpreenderam-me bastante pela positiva.

As desilusões: Uxu Kalhus e a sua concepção mais que vista de misturar todos aqueles clichés da "música tradicional" portuguesa, do mais básico possível, com todos os outros clichés do rock, numa desconstrução "manhosa" que resultou, nada mais, nada menos, do que numa manta de retalhos mal cozidos e com pouco sentido musical. No dia seguinte, os Diabo a Sete, que para mim foram mais uma enjoativa misturada de "música tradicional" do mais básico, visto e revisto.
Um pouco de abuso das guitarras eléctricas nesta edição do festival...
De resto, e apesar do preço que talvez tenha afastado algum público menos abonado financeiramente, o festival foi muito bom... 

Bom ambiente, bom público, bons músicos!



O Rio das Flores

Bem, em tempo de férias e sem paciência para procurar na biblioteca um livro para ocupar as horas de ócio por terras de Sines, decidi pegar num livro que lá por casa andava perdido sem que o verdadeiro dono o lesse e trouxe-o comigo...

Terei de ser sincera e dizer que, apesar da curiosidade que o livro me despertou, o seu autor, que semanalmente vemos comentar os assuntos políticos na televisão, deixava-me um pouco apreensiva. O tom um tanto ou quanto rabugento com que Tavares comenta as desgraças nacionais e internacionais fez com que eu lesse as primeiras páginas deste romance com alguma desconfiança. Sim, é verdade: preconceito. A verdade é que até agora ainda não tinha lido nada escrito por Miguel Sousa Tavares...

A comparação com Sophia de Mello Breyner (escritora que admiro...) pairou sempre no ar, mas a verdade é que este livro me surpreendeu.

Sou fascinada pela história do século XX e o trabalho que investigação que tenho desenvolvido centra-se na  período de ditadura portuguesa e, por essa razão, o trabalho de documentação histórica eficazmente articulado por Tavares com uma "estória" fascinante deixou-me "colada" até à última página que, infelizmente, hoje li...

Bem, em resumo: gostei do estilo de escrita, normalmente fluído, com a excepção de duas ou três descrições demasiado extensas e repetidas; adorei a narrativa romancesca e a sua ligação com os factos históricos deste atribulado século XX.

Mais uma vez, vou ser sincera: para mim, o livro não condiz com a pessoa que vemos na televisão e isso foi uma verdadeira surpresa.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

David Murray na FCSH


Serões na Nova: Dia da Independência dos EUA com Jazz na FCSH-UNL. 

David Murray visita Lisboa com os sons de José Dias Quarteto e Mo Francesco Quintetto na esplanada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, no dia 2 de Julho. 
«Os Serões da Nova inauguram do melhor modo o seu programa de coesão transnacional», diz São José Côrte-Real, etnomusicóloga doutorada pela Columbia University, Nova York, e investigadora do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança da FCSH.

Os músicos provêm dos Estados Unidos, Itália, Alemanha, Angola, Reino Unido e Portugal, representando influências musicais de muitos outros países do mundo.
«Its fantastic» diz Malcolm MacDonald, sax soprano, linguista e editor britânico em escala em Lisboa a caminho de uma conferência: «I'll take my sax, it's a great opportunity!».

O lendário David Murray, que nos último 35 anos gravou mais de 150 álbuns, tem um gosto especial por Portugal e por Sines onde de quando em quando se refugia. A sua improvisação, mesmo nos momentos mais livres, reconhece a força da tradição que honra mais do que tudo, alterando o contexto como mosaico infinito de desafios e explorações musicais: 
http://www.youtube.com/watch?v=MhxNvS-Bxm8&feature=youtu.be

«His music is lika something out of a "Twilight Zone" episode where all the time periods and all the cultures of the world exist in the same space at the same time» WALL STREET JOURNAL

Uma noite especial em Lisboa, participe.
Para saber mais, visite: 
http://www.fcsh.unl.pt/inet/


quarta-feira, 2 de maio de 2012

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Os Maquinistas no Arte & Manha

Os Maquinistas, um grupo composto maioritariamente por professores da Escola de Artes de Sines, irá actuar no próximo Sábado, dia 28 de Abril, em Lisboa, no Arte & Manha, na Sala Carlota Joaquina, pelas 0 horas. Entrada: 5€.
Este grupo de 13 elementos prima pela fusão de diferentes géneros e diferentes influências musicais e já actuou no Festival de Músicas do Mundo em Sines.
http://arteemanha.org/?p=3128

Faleceu a musicóloga Maria Augusta Barbosa

«A musicóloga Maria Augusta Barbosa, fundadora das Ciências Musicais em Portugal, e a primeira portuguesa a obter um doutoramento na área, faleceu hoje aos 100 anos devido a uma pneumonia.


Segundo adiantou à agência Lusa uma fonte da Casa de Saúde e Repouso da Amoreira, em
 Odivelas, onde Maria Augusta vivia há 11 anos, a musicóloga sofreu esta manhã uma insuficiência respiratória e teve de ser transportada para o Hospital de Loures, onde viria a falecer. 
Nascida a 18 de Abril de 1912, Maria Augusta Barbosa licenciou-se em Ciências Musicais na Alemanha, na Universidade de Humboldt, Berlim, no decorrer da II Guerra Mundial, e posteriormente (1970) doutorou-se na mesma área na Universidade de Colónia. 
No início dos anos 1980, já em Portugal, Maria Augusta Barbosa leccionou na Universidade Nova de Lisboa, na qual criou a primeira licenciatura em Ciências Musicais do país. 
Durante os anos em que se dedicou ao ensino, a musicóloga leccionou também nas Universidades de Coimbra e de Lisboa, na Universidade Autónoma e na Lusíada.»


terça-feira, 10 de abril de 2012

Novo Site da Sociedade Portuguesa de Investigação em Música

Está online o novo website da Sociedade Portuguesa de Investigação em Música (a antiga Associação Portuguesa de Investigação em Música). Para além de disponibilizar uma newsletter mensal, este site apresenta importantes informações acerca de encontros científicos e actividades académicas nacionais e estrangeiras...
Este é um importante meio para que a comunidade académica que se dedica à investigação em música possa estar mais informada e, quem sabe, no futuro, uma meio de troca de informação entre os musicólogos (e etnomusicólogos e afins...). 
Sim, porque o trabalho científico só faz sentido quando partilhado com outros!
Visitem então: SPIM


terça-feira, 13 de março de 2012

Dez anos depois de Lomax

«Na década de 30, Alan Lomax começou uma Jukebox Global. Dez anos depois da sua morte, ela é uma realidade: 17 mil ficheiros áudio disponíveis gratuitamenteonline. Uma viagem a um mundo desaparecido.


É uma viagem a outro mundo. Os blues de Howlin' Wolf ou Son House. A luxúria rítmica das Caraíbas. Os melismas marroquinos e o sol que emana dos cantores italianos. A História está perante nós: programas de rádio, entrevistas de rua, fotos de cantores, bailarinos e suas comunidades. Alan Lomax é uma figura fundamental para o estudo da música do mundo e, dez anos depois da sua morte, em 2002, aos 87 anos, os seus arquivos estão agora online.

O sonho a que chamava Jukebox Global tem 17 mil ficheiros áudio gratuitos no site da Cultural Equity, gerida pela filha, Anna. Já todos ouvimos parte deles, mesmo que não na forma original: foi em samples ali recolhidos que Moby baseou o seu álbum mais conhecido,PlayAgora, está tudo na net, em culturalequity.org.

Em 1933, quando partiu para o Sul americano com o pai, John Lomax, musicólogo e folclorista, para registar as músicas tradicionais do seu país, Alan era um jovem idealista que interrompera os estudos para documentar para a Biblioteca do Congresso uma cultura desconsiderada. Por força do seu trabalho - e do de nomes como Harry Smith ou Moses Asch -, transformou essa música em força inescapável do tecido cultural americano. A eles se deve, por exemplo, o boom do folk e blues nos anos 1950 e 1960, de onde emergiriam Bob Dylan ou os Rolling Stones.

Como aponta Ruben de Carvalho, comissário do ciclo Hootenanny, que leva anualmente à Culturgest as músicas tradicionais americanas, "a cultura americana highbrow era a europeia, quando a cultura popular americana era fruto das misturas dos escoceses, judeus ou afro-americanos" que formavam o país. "A fixação desse património antes que se perdesse era fundamental". E "criou condições invulgares para que se desenvolvesse". Exemplo: o jazz é hoje uma cadeira nas universidades americanas; impossível sem esse património.

Guiado pelo pai, Alan gravou, ajudou a divulgar e legitimou nomes como Woody Guthrie, Leadbelly ou Muddy Waters. Só isso faria dele uma figura fulcral na história da música popular do século XX. Mas houve as edições discográficas, concertos e conferências, as publicações, os programas de rádio e, mais tarde, televisão. E não só nos Estados Unidos.

De esquerda, investigado pelo FBI, deixaria o sufoco maccartista no início da década de 50, rumo a Inglaterra. Depois, quis mais. Espanha, Itália, Rússia, Marrocos... Através da música, quis perceber o mundo. "Teve uma compreensão muito vasta das ligações entre música e dança e a sociedade", refere Salwa Castelo-Branco, directora do Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa. Nascem desse desejo os projectos Cantometrics (canto),Choreometrics (dança) e Parlametrics (linguagem).


Foi via Cantometrics que Salwa conheceu Lomax. Na Universidade de Columbia, foi entrevistada para trabalhar no projecto. Desse contacto e das conferências a que assistiu ficou a imagem de "uma pessoa de grande energia, inteligentíssima, idealista, extremamente decidida". E não isenta de controvérsia. Salwa recorda que os Cantometrics foram criticados por se basearem em gravações, não em trabalho de campo, "o que acabou por resultar em conclusões não representativas". Ainda assim, mesmo os críticos não deixavam de lhe admirar a coragem e ambição".




Aquilo que guiou Lomax toda a vida foi a preservação de um mundo ameaçado: "Nós, do avião a jacto, do wireless e da explosão atómica, estamos à beira de varrer do globo o folclore não corrompido", disse. Salwa recorda um artigo da década de 70 em que Lomax refere o perigo do "acinzentamento cultural": "Não se falava ainda de globalização, mas ele estava preocupado com as influências das músicas mediatizadas, que acabavam por uniformizar práticas locais."


Ruben de Carvalho aponta nesse lamento uma contradição. "As circunstâncias que deram origem ao aparecimento de uma música popular urbana massificada e aculturada [a rádio, gravar som] são as mesmas que permitiram fixar e preservar essas tradições culturais." Lomax quis contornar a contradição ao tornar o registo do passado numa possibilidade de futuro. "Comparava a diversidade musical à biodiversidade", escreveu Jon Pareles no New York Times (NYT). "Para Lomax, cada estilo local representava uma forma de sobrevivência que poderia ser útil algum dia." A importância destes registos não se limita à preservação do passado, diz Ruben de Carvalho. "Fixa-se para que possamos lá voltar. Há um fenómeno curioso no jazz. Sempre que se chega a um impasse, como na passagem do swing para o bebop e daí para o cool, o avanço faz-se num regresso às raízes, ao blues." Trata-se de memória viva, para construir o que hoje somos. É por isso que Salwa Castelo-Branco se vem batendo pela criação em Portugal do Arquivo Fonográfico Nacional. Algo como aquilo que Lomax sonhou e que agora se tornou realidade.Vemo-lo, lemo-lo, ouvimo-lo. Um arquivo iniciado em 1933 nas prisões, com um gravador de cilindros que a viúva de Edison emprestara ao pai. Tem, segundo o NYT, cinco mil horas de gravações áudio, mais de 100 quilómetros de filme, três mil cassetes vídeo e cinco mil fotografias. O passado a ressoar no presente.

Ainda Pareles: "Lomax não estava interessado em vender álbuns. Estava a tentar assegurar que a Humanidade podia ouvir e respeitar as suas próprias vozes."»


Notícia retirada do Público online

Gravações disponíveis em: http://culturalequity.org/

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

José Afonso...

Não haverá muito mais a dizer... Vinte e cinco anos depois!







Seria impossível escolher uma, duas ou três canções preferidas... Ficam algumas das imensa que adoro!

José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos 
(Aveiro, 2 de Agosto de 1929 - Setúbal, 23 de Fevereiro de 1987)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Inês de Castro

Já há algum tempo que prometi falar acerca deste livro... Recebi-o no Natal e comecei a lê-lo depois da "ressaca" do primeiro volume da trilogia Millenium... 
Inadvertidamente, pensei que um livro com um "aspecto tão calmo" não me poderia curar da "ressaca" em que me encontrava.

A verdade é que encontrei um livro fantástico que cruza dois planos temporais, mas que nos leva, sem que percebamos, directamente ao século XIV e à sua vida cortesã.
A escrita de María Pilar Queralt del Hierro, como eu própria a defini, não é pomposa como muitos dos romances e não nos deixa absolutamente confusos com os termos de um português mais arcaico (alguns romances precisam de um glossário a acompanhar a publicação)...




Bem, sem pseudo-análises literárias (que não é essa a minha função aqui), recomendo esta obra fantásticamente escrita e absolutamente aliciante, publicada pela Editorial Presença.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

José Afonso

Sinceramente, não conhecia esta canção que vou postar... Descobri-a hoje, enquanto estou na biblioteca da FCSH, onde felizmente reina o silêncio absoluto, mas onde a vontade de trabalhar não é propriamente o que mais abunda (pelo menos a minha...). Estava eu aqui a ouvir algumas das canções interpretadas pelos cantores que participaram no programa e deparo-me com esta fantástica canção do Zeca Afonso! Apesar de proibido pela PIDE (na altura, eufemisticamente denominada de DGS) de participar no Zip-Zip, José Afonso proporcionou a presença de outros músicos.
Bem, esta canção está gravada no álbum Enquanto há força, de 1978, num período onde este intérprete (baladeiro, cantautor, cantor de intervenção...) se encontrava desanimado com o rumo que a revolução tinha tomado.
Espero que gostem da canção Tinha uma sala mal iluminada...


Tinha uma sala mal iluminada
Perguntavas pelo amigo e estava a monte
A fuga era a última cartada
A pide estava ali mesmo defronte

As vezes uma dúvida rondava
Valia ou não a pena o que fazias?
Se alguém caía um outro alevantava
O tronco que tombava e renascias

A velha história ainda mal começa
Agora está voltando ao que era dantes
Mas se há um camarada à tua espera
Não faltes ao encontro sê constante

Há sempre quem se prante à tua mesa
Armado em conselheiro ou penitente
A luta agora está de novo acesa
E o caminho é só um é sempre em frente

Perdeste a treino falta-te a paciência
Ouviste antes do tempo mil fanfarras
Já os soldados fazem continência
Ao som do choradinho e das guitarras

A velha história ainda mal começa
Agora esta voltando ao que era dantes
Mas se há um camarada à tua espera
Não faltes ao encontro sê constante

domingo, 12 de fevereiro de 2012

I Encontro Ibero-Americano de Jovens Musicólogos


«O primeiro encontro Ibero-Americano de Jovens Musicólogos tem por objectivo promover a circulação de informação nos campos da musicologia entre jovens musicólogos e estudantes de musicologia, através de um colóquio a ser realizado de 22 a 24 de Fevereiro de 2012.

O encontro é destinado aos estudantes de licenciatura e licenciados em Música e Ciências Musicais, aos mestrandos e mestres em Ciências Musicais, aos doutorandos e aos recém-doutorados (até três anos), que poderão participar através de comunicações e apresentação de posters sobre qualquer tema relacionado com a musicologia  ibero-americana ou internacional. O Encontro também pretende realizar três concertos compostos por ensembles ou solistas que estiverem a participar do evento, e que se propuserem a executar obras relativas aos temas das comunicações apresentadas. As actas serão publicadas no site do Encontro e a comissão científica selecionará algumas das comunicações para serem publicadas posteriormente.

A comissão científica é composta por alguns doutorados e doutorandos provenientes de Portugal, Brasil, Espanha, Colômbia e Estados Unidos, e conta com o apoio da Tagus-Altanticus Associação Cultural, do CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical), do INET-MD (Instituto de Etnomusicologia, Musica e Dança), da SPIM (Sociedade Portuguesa de Investigação em Musica), da JAM (Joven Asociación de Musicología de Espanha), da Casa da América Latina de Lisboa, do Gambinete para os Meios de Comunicação Social - Palácio Foz, do Museu da Musica de Lisboa e e da TAP Portugal, transportadora oficial do evento.»

Organização: Musicologia Criativa
Poderá consultar o programa em: http://www.musicologiacriativa.com/#!__programa

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Master class Convento de Cristo - Tomar

Não fazendo a menor ideia acerca da existência de um Centro de Estudos Superiores de Música e das Artes do Espectáculo (Cesmae), integrado no Instituto Politécnico de Tomar (ignorância minha... certamente...), hoje, em visita ao website do referido Instituto Politécnico, verifiquei que, não só existe este Centro de Estudos, como está a organizar Master classes de Trompete e de Tuba no Convento de Cristo...
Espero sinceramente que as actividades continuem e que este espaço seja, não só um importante pólo de dinamização cultural, numa cidade que tem estado verdadeiramente morta no que toca à cultura, mas que seja igualmente um importante espaço de investigação. Espero também que as suas actividades proporcionem a dinamização cultural do Convento de Cristo...


Assim, as aulas decorrerão entre 29 de Março e 2 de Abril no Convento de Cristo e os concertos dos professores realizar-se-ão nos dias 31 de Março (Trompete) e 1 de Abril (Tuba).

Fica também aqui o link do CESMAE

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Millenium

Até agora ainda não tinha escrito nada sobre livros, dedicando-me à escrita (que de há algum tempo para cá tem sido escassa) apenas sobre música... Mas como a leitura, para mim, é tão fascinante como a música, lembrei-me de publicar um post acerca de um livro que "devorei" em pouco mais de uma semana (coisa que também não acontecia há imenso tempo). A verdade, é que fiquei completamente agarrada ao livro... É sabida a minha preferência por livros policiais, mas este realmente cativou-me... 
Estou a falar do primeiro volume da trilogia Millenium - Os homens que odeiam as mulheres - do sueco Stieg Larsson.
A conjugação entre o mistério de um desaparecimento ocorrido quarenta anos antes, a criminalidade financeira e as suas inúmeras "rasteiras" e ainda os diversos homens que odeiam as mulheres... mulheres como a protagonista, cuja complexidade psicológica fica por desvendar completamente neste primeiro volume, e não só... deixa o leitor (pelo menos os leitores como eu) a juntar as peças e a tentar desvendar o mistério... 
O ritmo da acção é cativante e não são as descrições pormenorizadas (mas bem proporcionadas) que tornam este livro cansativo... antes pelo contrário.
Em suma, adorei o livro e já tenho cá em casa os outros dois volumes (que ainda estão na prateleira, não por falta de uma enorme curiosidade, mas porque entretanto comecei a ler outro óptimo livro...).
Bem, agora estou à espera da estreia do novo filme e de uma boa oportunidade para o ver, assim como espero ver entretanto os filmes suecos...

Fica então aqui o site dedicado ao autor:

Os trillers dos filmes suecos:





O triller do filme americano:




A página oficial do filme:
http://www.dragontattoo.com/site/

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Bom 2012

Depois de uma passagem de ano com uma banda sonora que maioritariamente foi do meu agrado (o que às vezes é impossível se passarmos várias horas em bares cheios de gente), aproveito para deixar algumas sugestões...  Aproveito igualmente para desejar a todos os leitores do misurato um óptimo ano de 2012...