Depois de completar três anos de existência, mais uma vez o Misurato muda de aparência...

Mas, para variar, o objectivo principal deste Blog continua a ser o mesmo: divulgar a actividade musical em Portugal... Concertos, Festivais, Congressos, Conferências, Concursos, Novidades, Publicações...

Mas como não é fácil estar sempre em cima do acontecimento e às vezes o tempo acaba por escassear, qualquer sugestão dos leitores é uma mais valia para este Blog.

Deixem os vossos comentários e sugestões!

A todos os que são habituais seguidores e àqueles que visitam o Misurato pela primeira vez, Muito Obrigada pela Visita!!!!

sábado, 23 de agosto de 2008

Le Sacre du Printemps - Stravinsky

Isto de não se fazer nada nas férias de Verão é muito cansativo... Daí que as minhas publicações sobre os Ballets Russes estejam a andar devagarinho!

Mais uma vez, vou falar-vos de uma composição de Stravinsky, não só por ser um dos meus compositores favoritos, mas também porque muita gente já ouviu a sua música, mas pouco sabe sobre ela.

Com este bailado, o compositor reinventa, mais uma vez, a cultura popular russa, evocando os rituais pagãos da chegada da Primavera. Como várias outras obras desta companhia, também a estreia de A Sagração da Primavera, em 1913, foi marcada pela controvérsia, apesar do ambiente cosmopolita da cidade de Paris.
Stravinsky quase que não insere motivos folclóricos, mas o carácter repetitivo e os pequenos motivos recorrentes em toda a obra transportam-nos para uma «memória folclórica inconsciente». Além do jogo de timbres conseguido pelo uso de uma grande orquestra, há um intenso jogo rítmico, onde as mudanças de métrica se vão sucedendo, jogo esse extremamente bem captado pela coreografia de Nijinsky.


O bailado está dividido em duas grandes partes: I. A adoração da Terra e II. O Sacrifício, sendo estas duas partes subdivididas.

I. A adoração da Terra
1. Introdução - A obra inicia-se com um solo de fagote no registo agudo. A sua métrica irregular confere-lhe um carácter de inquietude;
2. Os presságios de Primavera - Dança dos adolescentes - Violento e obsessivo staccato das cordas, com intervenções contrastantes do fagote;
3. Jogo do Rapto - Violência e vivacidade com intervenções agressivas dos metais;
4. Rondas de Primavera - Depois de dois episódios intensos, este jorovod com efeitos de politonalidade e dissonância;
5. Jogo das aldeias rivais - Dois temas diferentes que se transformam e quatro grupos temáticos;
6. Cortejo do Sábio - Procissão solene, mas de carácter violento;
7. Adoração da Terra - O Sábio - Apenas quatro compassos em pianissimo com notas sustentadas;
8. Dança da Terra - Grande crescendo a partir do desenho rítmico do timbale. A cena mais violenta da primeira parte.


II. O sacrifício
9. Introdução - Largo - Sobreposição de timbres e vozes, evocando o caos;
10. Círculos misteriosos das adolescentes - Repetição de motivos rituais, nas cordas, nas flautas, nas trompas, nas madeiras e nas cordas;
11. Glorificação da Eleita - Sensação de espasmos através das repentinas mudanças rítmicas
12. Recordações dos antepassados - Um coral que unifica a solenidade deste ritual e a perturbação pelas chamadas dos sopros;
13. Acção ritual dos antepassados - Ritmo 4/4 muito marcado pelo bombo e pelos timbales;
14. Dança sagrada - A Eleita - Dança do sacrifício, destinada a uma só personagem, a Eleita. O começo pausado culmina em várias sobreposições: rítmicas, tímbricas e métricas, acentuadas pela aceleração do tempo, dando a imagem do caos original.




Versão de 1987

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Uma nova imagem

Finalmente consegui que o Misurato ficasse com um "novo look"...
Apesar desta mudança, o cuidado com a divulgação da música erudita é o mesmo...
Por isso, espero que os fieis leitores continuem a visitar o Misurato e que novos cibernautas conheçam também este espaço, aproveitando as sugestões que dou para passar da melhor forma o seu tempo livre.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

...

Empreendi a árdua tarefa de mudar a imagem ao Misurato...
No entanto, são 4h da manhã e ainda não consegui deixar o blogue com a imagem que pretendo. Por isso, durante todo o fim de semana este blog vai ficar com uma configuração provisória!

Desculpem caros leitores...
Para a semana e para comemorar o seu primeiro aniversário, o Misurato estará online de "cara lavada"!
Obrigada pela compreensão...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Daphnis et Chloé

Daphnis et Chloé de Maurice Ravel foi encomendada por Diaghilev para os seus Ballets Russes em 1909, sendo estreada apenas três anos mais tarde no Théâtre du Châtelet, tendo Nijinska e Karsavina nos papéis principais. O carácter meticuloso do compositor chocou várias vezes com as concepções coreográficas de Fokine com quem trabalhou desde início, daí a demora em concluir este bailado de um só acto, dividido em três partes, que requer uma grande orquestra e um coro. A estreia a 8 de Junho de 1912 não obteve grande sucesso. Em parte devido à falta de ensaios, mas também pela estreia, dez dias antes, de L’áprès-mídi d’un Faune de Debussy com a sua chocante coreografia.
A primeira cena passa-se no bosque sagrado dedicado ao Deus Pan. Daphnis e Chloé entram no bosque onde distribuem oferendas pelas ninfas. No meio da dança, Daphnis é cercado por raparigas e Chloé por rapazes, sendo assediada por Dorcon que a tenta beijar, mas Daphnis, furioso, entra em disputa, acordando que quem dançar melhor merecerá um beijo de Chloé. A dança de Dorcon é bastante primitiva, ao contrário da de Daphnis que é repleta de movimentos graciosos. A vitória de Daphnis é unânime, deixando-o em êxtase. Entra, então, em cena Lycerion que o tenta atrair através da sua dança. Entretanto, sons de combate são ouvidos ao longe e entra um bando de piratas que perseguem as donzelas, acabando por raptar Chloé. Daphnis, sem poder salvar a sua amada, cai inanimado e as ninfas, na impossibilidade de o reanimar, chamam Pan.
Surge o segundo cenário. O esconderijo dos piratas. Daphnis que é levada ao encontro do chefe dos piratas é obrigada a dançar. O cenário enche-se de luzes e surgem em cena os Sátiros que cercam os piratas. É então que aparece o Deus Pan que consegue que os piratas fujam.
O bailado termina com o primeiro cenário, aparecendo Daphnis e Chloé juntos de novo, comemorando com uma cena mímica onde são evocados Pan e Syrinx. A cena termina com um grande bailado onde todos se juntam.
Maurice Ravel foi buscar a sua inspiração para esta história ao romance de Longus, um escritor grego, provavelmente proveniente da ilha de Lesbos. Devido ao nível de sofisticação da escrita deste autor e à sua talentosa capacidade de misturar a típica novela romântica grega e a poesia pastoral, muitos estudiosos posicionam-no no segundo período sofístico (século segundo d.C.).

Algumas imagens da época

2ª Parte - Royal Ballet - Covent Garden