Stravinsky compôs Petrushka entre 1910 e 1911, mais uma vez para responder à encomenda de
Diaghilev tendo, então, sido estreado no dia 13 de Junho de 1911 no Teatro Chatelet sob a direcção de Pierre Monteux e com Vasval Nijinsky no papel principal. O libreto é de Benois e a coreografia de Fokine. Este ballet em 4 cenas (I. A feira de Shrovetide; II: O quarto de Petrushka; III. O quarto de Moor; IV. A feira de Shrovetide) foi adaptado em 1914 para uma suite orquestral e, em 1945, Stravinsky novamente refaz a sua orquestração.



Depois de aberto o pano que, curiosamente, está decorado com a figura de um mágico sentado numa nuvem, a primeira cena passa-se num cenário de feira que, devido ao extraordinário trabalho de cenografia, espantou os espectadores na estreia, devido ao pormenor com que retratava o ambiente de feira urbana. Através da música, Stravinsky consegue espelhar bem a confusão que se instala na feira, aparecendo, então, o Mago com as marionetas de Petrushka, da bailarina e do mouro. Através d

A segunda cena passa-se no quarto de Petrushka. A escuridão desta dependência espelha o estado de espírito da marioneta e o retrato de Mago, aliás o único elemento decorativo neste ambiente soturno, faz com que Petrushka nunca se esqueça da sua condição de mera marioneta.
A terceira cena é passada no quarto do Mouro que, contrariamente ao de Petrushka, está ricamente decorado. A Bailarina é colocada na sala do Mouro ficando fascinada com a riqueza daquele quarto e esquecendo a declaração de amor que Petrushka lhe fizera. Petrushka, que havia conseguido sair do seu quarto, vê a Bailarina e o Mouro a dançar e decide atacar o Mouro que, não sendo abalado com o ataque de Petrushka, o persegue.
A última cena passa-se no ambiente de festividade inicial. Petrushka surge em cena perseguido

Mais uma vez, a perfeita fusão entre música, literatura, bailado e cenografia aponta-nos para o desejo de criar uma obra de arte una, muito ao jeito de Wagner e da sua “obra de arte total”. Benois havia prometido nunca mais trabalhar com os Ballets Russes após a estreia de Scherezade, mas depois de vários pedidos, decide elaborar a história em colaboração com o próprio Stravinsky que já tinha bastantes ideias acerca da música. A música foi criticada, mas é com Petrushka que Stravinsky começa a afirmar a sua linguagem musical, desligando-se do papel de “protegido” de Rimsky-Korsakov, apresentado um ponto de vista neo-nacionalista. Esta obra está carregada de canções folclóricas russas urbanas e rurais, sendo deliberada a adopção do estilo folclórico para criar algo inteiramente novo e diferente.

